Sequência didática: Uma sugestão para
trabalhar na sala de aula
1Levantamento de
hipóteses/ ampliando conhecimentos
* mapear o conhecimento prévio dos alunos baseando-se nas
seguintes questões;
*Você sabe o que é uma crônica?
* Você já leu alguma crônica?
* Em que lugar as crônicas são veiculadas?
2 Antes de entregar o
texto apresentar o título do texto “ A
última crônica” de Fernando Sabino, provocar um debate em sala;
*esse título chama a atenção do leitor? Por quê?
* o que ele sugere?
* pelo título dá para imaginar o assunto do texto?
3 Estimular o aluno para a leitura, ativando os
conhecimentos prévios;
·
Como você comemora oseu aniversário?
·
As pessoas mais queridas lembram-se de seu
aniversário, ou esquecem?
·
Quem não poderia faltar em sua festa, se caso
fizesse?
·
Você já comemorou um aniversário de forma
estranha, diferente?
4 Apresentar o texto
ao aluno ;
A última crônica
A caminho de casa,
entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade
estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de
estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do
irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária
algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais
digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição
do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança
ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do
essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto
o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último
poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar
fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.
Ao fundo do botequim
um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao
longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos
e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três
anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também
à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de
curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a
instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se
preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los.
O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o
garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de
bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa,
como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do
homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os
lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o
garçom encaminha a ordem do freguês.
O homem atrás do
balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo
simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha,
contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o
garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai,
mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa
de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma
caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um
animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.
São três velinhas
brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E
enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a
um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força,
apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada,
cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra
você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a
guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos
sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura -
ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo.
O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente
do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se
encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas
acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.
“Assim eu quereria
minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.”
Fernando Sabino
·
Fazer a leitura silenciosa e posteriormente
coletiva.
·
Perguntar
o que mudou sobre a percepção do texto após a leitura.
·
Pesquisar no dicionário as palavras
desconhecidas, para o melhor entendimento do texto.
·
Fazer uma abordagem da realidade social.
5Atividades propostas sobre o texto, compreensão e
interpretação;
1-
Que tipo de narrador o texto apresenta?
Justifique sua resposta.
2-
Informações do texto;
a)
Quem entra no botequim?
b)
Onde fica o botequim?
c)
Ele entra no botequim para que?
d)
O que ele deseja?
e)
Quem são os “três seresesquivos”?
f)
O que eles fazem ali no botequim?
g)
Existe alguma relação entre a situação vivida
pela família da crônica e a de nossos dias?
h)
No texto há ideia de discriminação? Justifique
sua resposta.
6 Trabalhar a intertextualidade, usando o poema de Manoel Bandeira “ O último poema”
O último poema
Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
Manoel Bandeira
7Escrever um texto
individual , sobre algum acontecimento do dia a dia do aluno, que ele considera importante.
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